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Historial

102 - Menina Else

Ficha Técnica

 

Menina Else
de Arthur Schnitzler  

 

Tradução José Maria Vieira Mendes

Adaptação e Encenação Christine Laurent

Assistente de encenação Manuel Romano

Cenário e figurinos Cristina Reis

Assistentes para o cenário e figurinos Linda Gomes Teixeira e Luís Miguel Santos

Desenho de luz José Álvaro Correia

Director técnico Jorge Esteves

Construção e montagem de cenário João Paulo Araújo e Abel Fernando

Montagem de luz Rui Seabra

Operação de luz e som Rui Seabra

Costureira e Conservação do Guarda-roupa Maria do Sameiro Vilela

Contra-regra Manuel Romano

Cartaz Cristina Reis

Secretária da Companhia Amália Barriga

Interpretação Rita Durão

 

Música

Tzigane Tango in Mi Buenos Aires Querido por Daniel Barenboim

Waldszenen, op. 82, 1. Schumann por Maria João Pires

 

Lisboa: Teatro do Bairro Alto. 28/05 a 21/06/2009

25 representações

 

Almada: Teatro Municipal

08 e 09/07/2009

2 representações

 

Guarda: Teatro Municipal

29/09/2009

1 representação

 

Estrutura financiada pelo Ministério da Cultura/Direcção Geral das Artes

         

Este Espectáculo

MORRER A VIDA, VIVER A MORTE

 

Li pela primeira vez este texto há já muito tempo. Nunca mais o esqueci. E mesmo depois dessa primeira leitura senti necessidade de o reler, nem que fosse para melhor perceber como, de que matéria ele é feito. Como se consegue produzir esta emoção tão estranha e tão familiar?

Um «monólogo interior», dois sonhos acordados, o nascer do pensamento, a livre associação das ideias mais íntimas. Tentei, ao adaptar este texto para o palco, favorecer o efeito de falsos raccords, como se diz no cinema. Ou seja, provocar “precipitações” entre o que está IN e o que ficou OFF.

Else associa, de maneira viva e audível, várias espécies de discurso: o discurso que ouve, o discurso que diz, e os pensamentos do seu inconsciente. A organização e a gestão dessas diferentes linguagens dão ao texto de Schnitzler uma verdadeira dimensão do «económico». Essa dimensão toma tal força que se pode conjugar numa variedade de tons: da ironia ao encanto, do cómico ao trágico, provocando na heroína impulsos de energia depressa submersos por uma petrificação depressiva.

É a hybris das tragédias gregas. A hybris desta rapariga fá-la ultrapassar os limites, fá-la entrar no ilimitado, fá-la ultrapassar as normas. A Hybris é o que a faz sair de si, o que a faz ver de olhos fechados, o que a faz regressar à infância, e o que a faz desposar o infinito antes de cair… O orgulho, a arrogância, a cólera, o paroxismo do desejo, são os traços dessa desmesura que, entre os Antigos, conduz à queda.

Que queda é essa? Schnitzler não nos diz. Else morre de facto? Alguns vão pensar que sim. Outros imaginarão que ela vai acordar. Seja como for, a antiga Else já não existe. E se voltasse a acordar, seria, certamente, uma nova Else.

Christine Laurent

«Sonho e vigília misturam-se, verdade e mentira.

Em nenhum lado se está em terreno seguro.

Não sabemos nada dos outros, nada de nós mesmos.

Representamos sempre; sábio é o que sabe.»

Arthur Schnitzler,Paracelsus (1892)

Imagens

fotografias de Paulo Cintra ©


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